Chegou a hora de começar a
travessia!! Acordei bem cedinho para dar tempo de mais uma passeada por Moscou
antes de pegar o trem por volta das 13:30.
Sai do hostel com bastante tempo
para dar para passar num mercado e comprar algum lanchinho porque já haviam me
alertado que o restaurante do trem é bem salgado e que na verdade pode não ter
vagão restaurante dependendo do trem! Quando cheguei na estação do metrô para
ir pro trem acabei demorando mais que o previsto devido à todas as placas
estarem em cirílico e ninguém saber informar ao certo como chegar onde queria
ir...Fiquei super cansada de carregar mochila acima e abaixo e resolvi ir
direto pro trem, deixar a mochila e depois sair para comprar umas coisinhas já
que ainda faltavam 40 min. Só digo uma coisa: erro fatal!!! A providnista (tipo a
aeromoça do trem...) era uma fofa, porém não falava nem “Hello” em inglês e na
hora que me viu saindo do trem foi atrás de mim e me mandou voltar com medo de
que eu me perdesse. A intenção era boa, mas não consegui convencê-la a me
deixar ir e tive que voltar pro trem e me contentar em comprar umas bobaginhas
por lá... Como já disse, erro fatal! No trem não tinha praticamente nada para
vender e a única opção de água era água com gás que eu detesto, mas tive que
acabar tomando... De vez em quando (bem de vez em quando), passa uma mocinha
com um carrinho de supermercado vendendo umas bobaginhas, porém a preços de
bistro français. Uma água que costuma custar tipo 20 rublos, com a moça era 80
(500 ml por mais de 5 reais). A minha sorte é que ao sair do Brasil eu já fui
logo comprando meu estoque de miojo da Mônica que eu gosto de comer cru. Então
nessas 27h foi miojo cru no almoço, janta e no café. Kkk
O percurso passou bem rápido
porque eu virei a atração turística do trem. Todo mundo tentava se comunicar
comigo e foi formando uma roda em volta da minha cama. Eu tenho um daqueles
livrinhos de conversação
em russo, que junto com o Google translator da russa que conheci e mais algum
inglês básico de outras pessoas conseguiram fazer a conversa render de umas 14
até as 5 da manhã hahaha. Foi bem bacana. Deu pra interagir muito com o pessoal
e comprovar mais uma vez que os russos são TOPs! Adorei todos eles!
Dentre as pessoas que conversei
mais tinha uma russa que tinha 18 anos e ia casar. Ela me contou sobre como o
futuro marido dela é o melhor homem do mundo e
contou mais um pouco do resto da família. Também conheci um mocinho de
17 anos que estava estudando inglês e que quando me viu falando, não pensou 2
vezes e já sentou pra praticar! Haha Ele estava super empolgado de poder
praticar inglês com alguém, apesar de ainda precisar da ajudinha do tradutor...
Depois ele até perguntou se não podia me adicionar no Skype para me ligar de
vez em quando para praticar! Uma gracinha... Também tinha uma outra moça no meu
“compartimento” que apesar de não falar nada em inglês também adorava conversar
por telefone sem fio e quando viu eu comendo o meu terceiro miojo cru, levantou
da cama e foi me dividir comigo um pouco do lanchinho dela hahahaa Conheci mais
outros russos que me matavam de rir com o inglês...Estavam tentando me explicar
sobre um peixe pequeno e soltaram um “Children fish” que a até a russa olhando
no tradutor rachou os bicos hahahaha E claro, como não poderia faltar, conheci
um bêbado que ficou pelo menos umas 3 horas conversando comigo sem eu entender
ao mesmo uma palavra e vice-versa. Além dessa galera toda, a própria providinista era uma tchuca.
Toda hora que via algum bêbado me pentelhando ela ia lá e já dava um jeito de
tirar eles de perto de mim, foi me cobrir com o cobertor de noite, me avisava
das paradas (porque não são todas as paradas que se pode descer do trem e cada
parada demora um tanto), etc...Foi muito bacana a experiência de entrosar com a
galera e acho que se tivesse ido na 2ª classe não teria consegui interagir
tanto..
Fora isso, tenho uma dica para o
trem que é super valiosa. Nunca compre a cama de cima! A cama de baixo é, sem
exagero, pelo menos umas 50x melhor que a de cima. Na 3ª classe pelo menos, na
cama de cima não tem espaço para sentar, só para deitar, então é bem
desconfortável. Segundo a regra de etiqueta da Transiberiana, as pessoas das
camas de baixo devem deixar as pessoas da cama de cima sentarem porque realmente
é uma bosta ficar so deitada num espaço de mais ou menos uns 50-60 cm de
altura. Porém, não é a mesma coisa sentar na beirada da cama dos outros e ficar
a vontade na sua, né? Além disso, as camas de baixo tem acesso a uma mesinha
para comer, etc., mas o povo que senta na beiradinha não consegue chegar perto
da mesinha porque ela é pequena...Outra vantagem da cama de baixo é que ela é
tipo um baú, então você guarda sua mala e dorme por cima – para roubarem é
literalmente só passando por cima do seu cadáver. Já na cama de cima, o espaço
para a mala é uma prateleira aberta em cima da cama, o que não é tão seguro. É
muito fácil também comprar a cama de baixo: só pedir uma cama número impar.
Todas as pares são de cima e todas as impares, de baixo.
Além disso, ao chegar no trem,
você recebe um jogo de lençol e uma toalhinha de rostos limpinhos (se não tiver
ja incluso no seu bilhete, pode pagar na hora...). Na hora de ir embora do
trem, também faz parte da etiqueta deixar tudo arrumadinho, enrolar o colchonete
(que se coloca por cima do banco para dormir) e devolver o lençol e toalha para
a providinista. Se
precisar, ela também empresta caneca para tomar café/chá/qualquer outra coisa.
Enfim, as 27h de viagem foram bem
bacanas e deu para curtir a Transiberiana à là russa. No próximo post, conto
sobre Yekaterinburg!
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