Estação de trem de Yekaterinburg |
Nevando só um pouquinho... |
"Que bonitinho...Parece natal..." |
Ao chegar no endereço do hostel
não achava nem a pau a entrada. Parei um russo que também tentou me ajudar e
não achou. O russo parou uma russa que pegou o celular, olhou no google maps,
tentou ligar e, juntamente com o primeiro russo, me caminharam até a entrada do
prédio que era pela rua de trás. Tudo isso sem falar um “a “ em inglês. Mais
uma vez a russaiada conquistando meu coração!
Chegando no albergue, uma grata
surpresa: era a única hóspede ahahaha Fico impressionada como aqui na Russia
não tem turista!! Tudo bem que é abril e não é a alta temporada, mas eu sempre
sou a turista solitária... Achei bom ficar sozinha depois de tanta bagunça no
hostel de Moscou e de 27 h papagaindo no trem. O hostel era super limpinho,
novinho e o mais importante: sem carpete. Odeio carpete! O nome é Art Hostel on
Lenina e a localização é bem boa porque a Lenina é a rua principal de
Yekaterinburg.
Eu resolvi parar em Yekaterinburg
porque achei muito longo o trajeto de Moscou até Irkutsk direto, que a maioria
do pessoal faz. Além disso, queria conhecer mais uma cidade menos turística
para poder ver a “verdadeira “ Russia. Acabou sendo uma ótima escolha. Eu
cheguei em Yekaterinburg umas 18h de um dia e fui embora as 22 h do outro dia,
então o tempo foi suficiente para passear. A cidade em si é bem bonitinha,
estava cheia de neve – o que era novidade para mim – e dava pra fazer tudo a
pé. Eu não consegui dormir direito a noite por causa do jet lag que ainda me
rondava e as 5:45 já tava de pé e comecei a passear assim que o sol raiou.
Yekaterinburg é a 4ª maior cidade
da Russia atrás de Moscou, São Petersburgo e Novo Sibirsk. Essa cidade é famosa
pois foi onde aconteceu o assassinato dos Romanov. Bem, para quem não sabe a
história (eu também não sabia nada disso antes de pesquisar para vir aqui),
quando estava acontecendo a revolução bolchevique, os bolcheviques estavam
mantendo czar e familia aprisionados e
em 1918, depois de já terem passado um tempo em outro lugar, eles foram
mandados para Yekaterinburg. Acontece que os tchecos resolveram rumar em
direção à Yekaterinburg porque eles controlavam a Transiberiana e queriam
marcar território. No entanto, a cagada
toda foi que os bolcheviques não se ligaram nesse detalhe e acharam que os
tchecos estavam vindo para pegar a familia do czar e ficaram meio desorientados
porque se os tchecos levassem czar e familia, as outras nações poderiam se
recusar a reconhecer o governo bolchevique como legítimo pois existia a familia
real russa. O que eles fizeram então? Sentaram czar, czarina e filhos no porão
da casa em Yekaterinburg e executaram todos de uma vez só e o resto da família
mais tarde no mesmo dia. Muito triste né? A casa onde o assassinato aconteceu
foi demolida para que não se tornasse um local de homenagens e “perigrinação” e
no lugar dela foi construída uma igreja - Church on all Blood - em homenagem a familia.
Church on all Blood |
Precisei até tomar uma cervejinha para relaxar e bolar minha estratégia de travessia rs |
Ao chegar de volta na cidade,
claaaaaaaaaaaro que não ia dar a mesma manota que dei no primeiro trem. Já fui
logo parando no melhor supermercado da cidade (eu assumo que era o melhor
porque era dentro de um shopping que só tinha loja de grife rs) e comprando
comida suficiente pra 56 horas sem miojo cru. Esbanjei no queijo, presunto,
patê, pão, torrada, banana, maçã, água, muita água, biscoito, etc etc e fui
felizona pro hostel pronta pra causar inveja na russaiada com o meu banquete in
transit.
Depois de um banho muito bem
tomado e tudo pronto para ir pegar o trem, resolvi esbanjar e ir de taxi para a
estação porque agora, além do meu mochilão, eu também tinha que carregar na
neve e conseguir sambar legal com a sacola dos meus mantimentos que pesavam uns
bons kgs e o taxi sairia algo em torno de R$10 apenas. O moço do hostel era bem
bonzinho e sabia falar inglês, então já fui logo aproveitando pra sair do mute
e poder falar bastante enquanto esperava o taxi porque aqui na Russia nunca se
sabe quando será a próxima oportunidade de desembolar uma conversa!
(Mãe, favor pular o próximo
parágrafo....)
Quando o taxi chegou ele já foi
logo percebendo que eu não era russa, afinal russas não calçam botina e jamais
andariam de calça de moletom e mochilão as costas. Quando ele viu que eu não
falava russo, foi pegando o celular e ligando pra alguém. A pessoa do outro lado da linha foi falando e
ele tentando me perguntar “ere ari iu from?” e todas aquelas perguntinhas de
introdução. Só que ai, meus caros, eu comecei a cagar nas calças e não vou
negar. O cara começou a perguntar demais e não desligava a bosta do telefone e
tava tentando perguntar tipo “du iu ravi monei?” e eu só imaginando porque ele
queria saber isso e já rezando e pensando que eu tinha mais 3 dias de trem e
que minha familia ja sabia que eu ia sumir por vários dias, então que só iam
achar meus restos mortais daqui uma semana, etc. Foram uns 3 minutos de pânico
interno, mas o cara me levou na estação normalmente e não cobrou a mais...Acho
que ele só estava fazendo como os outros russos que olham para mim como se
fosse um extraterrestre, mas confesso que do jeito que foi eu pensei que
pudesse ser outra coisa!
Enfim, tudo certo e embarquei no
trem mais uma vez, dessa vez, por 2 noites e um total de 56h. Depois tem mais J
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